Para quem conhece o bairro de Moema, em São Paulo, sabe que é um lugar repleto de bons restaurantes, mas pressionado pelo crescimento imobiliário, com poucos espaços para estacionamento. Desta forma muitos estabelecimentos – cabeleireiros, padarias, mercados, bares e restaurantes optaram por disponibilizar serviço de manobrista a seus clientes.
Não é o caso do tradicional restaurante em que fui jantar uma noite destas.
Assim inicio minha narrativa, na saída de um dos melhores restaurantes de frutos do mar que já havia conhecido...a minha sensação era a melhor possível.
Abandonar as sobras da moqueca capixaba, absolutamente gloriosa, digna dos deuses, foi complicado. Uma noite de outono, um vento gostoso e, uma temperatura perfeita.
Sai do restaurante a procura do carro, estacionado a alguns metros. O guardador aproxima-se.
Procurei por moedas ou algum trocado. O sujeito me observava, atenciosamente. Não encontrei nada nos bolsos das calças, do paletó, da camisa e, nada. E ele sempre ao meu lado, já em silêncio reprovatório. Envergonhado, passei a procurar dentro do carro, também sem sucesso. A esta altura, abri os braços e desculpei-me. “ Cara, desta vez não deu. Tô sem nenhum trocado. Fica para outra....ok?”
Nem cheguei a terminar a frase. O guardador de carros deu meia-volta, xingando... Provavelmente a minha mãe, e foi postar-se do outro lado da rua. Dali, ele observou, impassível, a manobra de extração de meu carro estacionado – encravado – entre duas enormes caminhonetes.
Suando e bufando, finalmente, sai dali cantando os pneus...e jurando jamais voltar naquele restaurante.
Pura irracionalidade. Mas, a moqueca tão apreciada durante o jantar, embrulhava meu estomago e prometia azedar minha noite. É claro que fui ao restaurante para jantar e não para estacionar o meu carro. Mas o sangue latino estava fervendo. São Paulo é uma metrópole gastronômica de primeira e, este restaurante, não veria mais a minha cara.
Decisão tomada, apesar de reconhecer que era irracional.
Hoje isso me leva a refletir sobre o “como” um cliente avalia a qualidade de um serviço...seja ele qual for isto é, agir certo , do inicio ao fim da cadeia de serviços.
Portanto, deve existir uma harmonia entre a coisa certa...e o jeito certo, para que se obtenha êxito em qualquer empreendimento.
Para isso você deve:
1- Identificar o seu diferencial de competitividade;
2- Identificar quem é seu cliente;
3- Identificar o que tem valor para o seu cliente;
4- Melhorar seu processo...sempre.
E quando penso em tudo isso, me vem a lembrança da moqueca capixaba e do guardador de carros...e ainda acho melhor procurar outro restaurante, com manobrista.
