Acredito na eternidade de um momento. Aquele momento em que a alma parece desprender-se do corpo e...flutuar.
De quando em vez...pego minha alma a flutuar através da minha janela neste fim de tarde, em que a primavera se faz presente com os cheiros da umidade na terra e o odor das muitas flores.
Aquieto-me neste silêncio sentindo o prazer de estar vivo e despojo-me da aridez deste dia ... permitindo-me apenas sentir.
A lembrança de um certo olhar inspira-me a serenidade de um amor sem pressas.
O sol penetra neste fim de tarde, a maciez de um véu transparente e esconde-se na linha do horizonte.
Este céu que esta sobre a minha cabeça , é um vitral semi-transparente, de onde se podem ver bandos de andorinhas que iniciam a seu retiro noturno e é o mesmo céu que esta sobre as pessoas que amo.
É estranho como nos sentimos pequenos diante da grandiosidade da natureza e nos surge uma nova dimensão do nosso ser nos momentos em que nos encontramos no silêncio da alma.
Olho ao longe o sol que se despe, deixando resquícios das cores sobre este céu.
O meu olhar foca-se agora nas estrelas que iniciam seu cintilar , na construção deliberada de uma estrada que se perde no espaço.
Somos , por um momento, parte desta grandiosidade que se estende no infinito pelo simples fato de podermos sonhar.
Ultrapassamos os limites do horizonte e vamos além das estrelas que se encontram para além dos limites que nossas vidas definem ... voamos como indiferentes pássaros que deixam no colorido azul escuro deste céu suas sombras , num momento de eterna beleza como o amor que eleva , faz flutuar e se expande como a luz do luar.