Não falo que ninguém que não tenha uma queixa sobre o comportamento dos políticos ,a grande maioria do povo reclama principalmente das mentiras ou das promessas.
Em parte, não sem razão, mas deve-se salientar , só em parte. Quando a propaganda política é iniciada nos períodos pré eleitorais, os narizes dos políticos crescem, prometendo mundos e fundos, enquanto a cara de pau abjeta de Pinóquio é vista a olho nu.
Os demagogos se locupletam. E os falsários roubam a cena do teatro político.
Todavia, o vício da mentira não é culpa somente dos políticos. Há algo bastante falho na democracia, que é o eterno mimo das classes governantes ao povo, como se o povo fosse algo digno de nota a ser parasitado com promessas levianas. Os cidadãos democráticos adoram ser tratados como criancinhas.
De fato, se atentarmos às mesquinharias comuns da democracia, é o gosto que o povo em geral tem pelas mentiras dos políticos. Os políticos em geral mentem, porque o povo adora ouvir mentiras. E tal fenômeno, antes de ser um valor autêntico na democracia, é a prostituição dela.
As mentiras dos políticos refletem não somente o baixo caráter de alguns, como a cumplicidade infantil da população em outros. Falar a verdade ao povo raramente ganha votos e eleições. Porque falar a verdade é, às vezes, ofender o povo. Mas isso não é de hoje. Todavia, estamos longe das épocas em que os profetas das Sagradas Escrituras humilhavam o povo com suas verdades e se faziam respeitados. Nem sempre. Às vezes eram também odiados. Mas tinham caráter e pulso para tanto, para enfrentar as multidões e fazê-las calar a boca, quando necessário. Porém, como a entidade “povo” é o bezerro de ouro das épocas democráticas, qualquer sinal de estupidez popular é elevado a culto divino! Nada mais hipócrita do que os romanos: Vox populi, vox Dei!
Há situações em que a mentira é um mal necessário, não só do governante, como da vida social, para evitar infortúnios maiores. Há verdades que nem sempre devem ser contadas, até porque nem todas as pessoas estão preparadas para ouvi-las. Há horas para se dizer a verdade, no momento certo. E há horas em que a verdade tem que ser falada nua e crua, para desagradar a todos. Porém, no geral, deve haver em cada consciência, uma noção mínima da verdade, um devido respeito e reverência a ela, dentro da moralidade pública, e um máximo de limite para a mentira, sem o qual, qualquer sociedade se deprava e enlouquece. A verdade, ainda que nem sempre contada, deve ser preceito absoluto na consciência de qualquer povo. Um povo democrático é maduro, quando reconhece como elementar no senso comum, a idéia mínima e absoluta da verdade em sua realidade e comportamento social e moral (ainda que as falácias retóricas na democracia sejam a sua aparência). . .
No caso brasileiro, a coisa chegou a patologia clínica: nunca se viu um povo tão bovino, tão servil a crer em tantas mentiras de tão soberbo charlatão que tomou o poder em nossa insana república! Proclamaram um bobo da corte presidente da república, e no fim, viramos bobos da corte.
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