
Shakespeare, célebre conhecedor da natureza humana, faz com que Ângelo, em Medida por medida, pronuncie as seguintes palavras:
“Uma coisa é ser tentado e outra coisa é cair na tentação. Não posso negar que não se encontre num júri, examinando a vida de um prisioneiro, um ou dois ladrões, entre os jurados, mais culpados do que o próprio homem que estão julgando. A Justiça só se apodera daquilo que descobre. Que importa às leis que ladrões condenem ladrões?” (SHAKESPEARE)
O espetáculo da corrupção, que vemos diariamente nos enoja e torna a própria atividade política ainda mais desacreditada.
Todos nos nos lembramos de volumes e mais volumes de dinheiro identificados ou flagrados em cuecas, meias e bolsos...é, chego a pensar que o PT está fazendo uma transferência de know how, afinal foram os primeiro a descobrir as 1001 utilidades das cuecas.
Todo este cenário político fica pior com a figura dos "analfabetos políticos"e, – como diria Brecht, os analfabetos políticos – acabam por fazer a diferença em um processo eleitoral.
Por mais estranho que possa parecer , a indiferença acaba por fortalecer corruptos.
Criando uma condição estranha, que podemos chamar de moralismo abstrato e ingênuo, que não se opõe diretamente a nada apesar de não concordar com tudo.
O analfabeto político , com sua indiferença, acaba por contribuir para a manutenção e reprodução de políticos corruptos que, administram os recursos públicos como se fossem bens pessoais e buscam a reconpensa pessoal em detrimento ao coletivo, esquecendo-se do objetivo principal de sua eleição.
Lamentavelmente, quem cultiva a indiferença , o individualismo / egoismo ético é - indiretamente conivente com o corrupto.
O que caracteriza a república é o trato da coisa pública, responsabilidade de todos nós. Como escreveu Rousseau : “Quando alguém disser dos negócios do Estado: Que me importa? – pode-se estar certo de que o Estado está perdido”
Portanto, a análise é simples...não existe corrupto sem corruptores. Exigimos ética dos políticos como se isso fosse uma panacéia mas....e a sociedade, como se comporta a sociedade diante dos corruptores?
Se o ladrão rouba um objeto e encontra quem o compre, este é tão culpado quanto aquele.
Ah! Não fazemos isto! E os pequenos atos inseridos na cultura do jeitinho brasileiro não são formas não corrupção?
Quem ainda não subornou o policial rodoviário?
Ou não vivemos numa sociedade onde honestidade é sinônimo de burrice, de ser trouxa, etc.?
E como correr o risco de ser bobo quando a sociedade competitiva premia os mais espertos, os mais egoístas, os mais ambiciosos?
A bem da verdade, o ladrão aproveita a ocasião. Quem de nós nunca foi tentado? Quem conseguiu manter a coerência entre pensamento e ação, discurso e prática?
A bem da verdade, o ladrão aproveita a ocasião. Quem de nós nunca foi tentado? Quem conseguiu manter a coerência entre pensamento e ação, discurso e prática?
Os homens são julgados por suas obras e apenas através delas é que podemos comprovar a sua capacidade de resistir à tentação. Afinal, como afirma Shakespeare através de Isabel, sua personagem: "A lei não alcança os pensamentos e as intenções são meros pensamentos".